Os Aspectos na Astrologia
Uma das coisas mais importantes para o entendimento completo da astrologia é a Teoria dos Aspectos, hoje muito distorcida, mas de fundamental contribuição na delineação do simbolismo de um planeta.
ASTROLOGIA
Uma das coisas mais importantes para o entendimento completo da astrologia é a Teoria dos Aspectos, hoje muito distorcida, mas de fundamental contribuição na delineação do simbolismo de um planeta. Uma coisa é a Lua em Sagitário. Outra coisa é a Lua em Sagitário se opondo a Saturno em Gêmeos e quadrando um Marte em Peixes. Acreditem, muda completamente a narrativa. Se você puder gravar apenas uma coisa sobre todo o conhecimento astrológico, grave isso> em um mapa astral e na astrologia como um todo, nada se analisa de forma isolada. Uma análise de um ponto astrológico de forma isolada pode contribuir para fins didáticos, para quem, de uma forma mais racional, entende o todo através de suas partes. Mas qualquer fator isolado gera distorções. Isso porque a Astrologia reflete o todo, somos seres relacionais e a relação entre os astros é de extrema importância para delinear qualquer característica ou acontecimento. Seria um absurdo pensar que você é um individuo que não sofreu nenhuma interferência dos pais, da família, das escolas pelas quais passou, dos seus colegas e professores, da vizinhança, da mídia, do sistema econômico e político, enfim, é muita ingenuidade considerar-se inerte à influência do todo ao qual você faz parte. Por isso, faço um capítulo a parte para falar um pouquinho sobre os aspectos. E da próxima vez que você ouvir "nossa, mas cadê o equilíbrio, você não é libriana?" ou "nossa, cadê a confiança, você não é leonina?" - você poderá respirar e pensar: como se o meu Sol, isoladamente, pudesse dizer muita coisa sobre mim.... heheheh
Sem mais delongas, antes de falarmos sobre os aspectos em si, é importante saber de onde eles surgiram. Assim, evitamos algumas distorções. A teoria dos aspectos tem grande influência da filosofia pitagórica que é, mais do que matemática, filosófica, simbólica. Por isso que não podemos identificar um aspecto apenas pelos ângulos que os astros fazem.
Tudo começou com a escolha dos signos como símbolos, e esta era, no tempo antigo, uma forma de marcar o tempo. Das 88 constelações existente, 17 foram catalogadas por estarem distribuídas na ecliptica - a zona por onde caminham os astros. O zodíaco é lunissolar, então escolheu-se 12 signos para representar estes períodos, já que temos aproximadamente 12 lunações no decorrer de um ano. Cria-se uma circunferência, dividida em 12 partes iguais, de 30 graus cada. Esta é uma divisão ideal, que corresponde à perfeição, e de forma simbólica organiza o tempo de acordo com as estações do ano. São 12 os signos e temos 4 estações, então precisaríamos de 3 signos por estação. Vale ressaltar que as estações são do hemisfério norte, pois foi lá que surgiu a astrologia e seu saber simbólico pode ser aplicado para todos os humanos na terra, dado que não existe relação de causa-efeito.
Definidos os signos, era preciso definir as regências. Se a Astrologia é a arte das luzes, o Sol e a Lua, os luminares, doadores de luz e significadores vitalidade, seriam os regentes dos signos de Verão. A Lua, grande mãe, que faz as coisas nascerem no mundo, é a regente da Câncer, o início do verão. Já o Sol, o fogo que nunca se apaga, torna-se então o regente de Leão, o meio do verão, ápice do calor e da luz.
Em contrapartida, Saturno, o astro mais distante a olho nu, seria o regente dos signos de inverno, Capricórnio e Leão, que se opõem a Câncer e Leão. Daí surge o primeiro aspecto, a Oposição, um aspecto saturnino, portanto desafiador. Estabelecido este ponto de referência, os demais signos e planetas são distribuídos pela ordem caldaica: Júpiter rege Sagitário e Peixes, Marte rege Áries e Escorpião, Vênus rege Touro e Libra, Mercúrio rege Gêmeos e Virgem.
Júpiter é um planeta benéfico, que tempera e harmoniza o frio de Saturno e o calor de Marte, trazendo moderação. Júpiter é favorável à vida, traz a ela sentido, proteção e cura. Sagitário forma então trígono com Leão e Peixes forma trígono com Câncer, portanto o trígono é um aspecto Jupteriano, harmônico, benéfico. O triângulo, a filosofia pitagórica, é uma forma perfeita, é então no plano que acontece a manifestação da existência. Já Marte, o maléfico, rege Áries, que forma uma quadratura com Câncer e Escorpião, que forma quadratura com Leão, causando desequilíbrio, tensionando e desafiando os doadores de luz. Portanto, a quadratura, é um aspecto tenso, marcial. Vênus rege Touro, que faz sextil com Câncer e Libra, que faz sextil com Leão. Harmoniza com os doadores de luz e portanto o sextil é um aspecto fluido, venusiano. E Mercúrio, de natureza diferenciada, ambígua, rege Gêmeos e Virgem que não fazem aspecto com Câncer e Leão, respectivamente. E assim são criados os aspectos =)
E o que significam?
Vimos que os aspectos podem ser benéficos ou favoráveis, que são os Trígonos e Sextis, harmoniosos, fluentes, pacificadores; e também podem ser maléficos ou desafiadores, como a Oposição e a Quadratura, que geram tensão, desarmonizam e estimulam. Mas o conceito de maléfico ou benéfico não é necessariamente bom ou ruim, isso passa pelo nosso julgamento de valor. Muitos trígonos e sextis podem fazer de alguém uma pessoa aborrecida e desinteressante, tudo parece fácil e a vida flui num padrão sem acontecimentos marcantes. Já quadraturas, oposições ou conjunções desafiadoras podem estimular essa pessoa e dar-lhe profundidade de caráter. Um pouco de tensão pode fazer a vida mais interessante. A Astrologia não faz exceção à regra de que é preciso um pouco de tudo para criar um ser humano completo.
Para levar em consideração um aspecto, não se deve olhar apenas a distância em graus entre eles, mas principalmente a qualidade dos signos em questão. Por isso, muito cuidado ao avaliar as linhas de aspectos traçadas pelos softwares, pois a astrologia não é puramente matemática e a teoria dos aspectos é inspirada na filosofia pitagórica, portanto, simbólica. Uma oposição sempre ocorrerá entre signos opostos complementares, da mesma polaridade (masculina, signos de ar e fogo ou feminina, signos de terra e água) e da mesma quadruplicidade (cardinal = áries, câncer, libra e capricórnio; fixo = touro, leão, escorpião e aquário; mutáveis = gêmeos, virgem, sagitário e peixes). Então, um Sol aos 29° de Libra não se opõe a uma Lua a 1° de Touro.
O mesmo vale para as quadraturas, que sempre acontecem entre astros em signos da mesma quadruplicidade, mas de polaridades distintas. Um trígono acontece somente em signos do mesmo elemento (água, terra, fogo e ar) e um sextil acontece somente entre astros em signos de polaridades iguais e quadruplicidades distintas. É verdade que quanto mais próxima é o aspecto, mais forte ele é, considero como forte qualquer aspecto de até 5° de distância. Mas na astrologia tradicional, consideramos também os aspectos por signos. Um Sol a 29° de Libra se opõe a uma Lua a 1º de Áries, mesmo que este aspecto não seja tão forte.
A Oposição: aspecto saturnino, portanto desafiador, no qual os astros encontram-se a 180° de distância (ou 6 signos de distância), em signos opostos complementares, da mesma quadruplicidade e polaridade. Mostra uma constante tensão interna que traz oportunidade de integração. É um aspecto amplo, que traz percepção, conflito e desenvolve a perspectiva. A oposição pode envolver o reconhecimento de uma carência dentro de si que é preenchida pelo outro polo. São dois astros puxando uma corda, como em um cabo de guerra, cada um de um lado, defendendo um ponto de vista, e muitas vezes a única alternativa é ponderar, ceder para não romper. São dois lados de uma mesma moeda e a reconciliação pode ser alcançada através da percepção e da compreensão. Se opõem astros em Áries x Libra, Touro x Escorpião, Gêmeos x Sagitário, Câncer x Capricórnio, Leão x Aquário e Virgem x Peixes.
A Quadratura: aspecto marcial, portanto desafiador, no qual os astros se encontram a 90° de distância ( ou 4 signos), em signos da mesma quadruplicidade e polaridades distintas. Dizem que o potencial de um mapa está nas suas quadraturas, pois representam desafios mas também pontos de mutação. Aspecto de Marte, traz tensão e ação dinâmica, obstáculos que, se manejados com sabedoria, tornam-se degraus de uma escalada. A quadratura pode ser cardeal, fixa ou mutável. Quando cardeal (áries, câncer, libra e capricórnio) a ação é rápida, em uma quadratura fixa (touro, leão, escorpião, aquário), a ação é lenta, e nas quadraturas mutáveis (gêmeos, virgem, sagitário e peixes), sua ação é imprevisível, variável, muitas vezes dependente do meio.
O Trígono: aspecto jupteriano, portanto benéfico, fluido e harmonioso, no qual os astros se encontram a 120º de distância ( ou 4 signos), em signos do mesmo elemento (água, terra, fogo ou ar). Indica abundância, conforto, facilidade, cooperação, inspiração, harmonia e benevolência. É uma interação fácil entre os planetas, não há tensão ou pressão, mas não necessariamente isso é favorável, pois pode trazer a tendência a buscar sempre o caminho de menor resistência. O trígono segue o fluxo natural da vida, indica criatividade, talento, a capacidade de expressar com facilidade os temas envolvidos nos astros e signos em questão.
Gosto da analogia de que o trígono pode ser comparado à diversão de esquiar montanha abaixo, enquanto a quadratura pode ser comparada ao esforço de escalar a montanha. Observe a sensação de realização quando se atinge o topo da montanha e, olhando para trás, vê-se o que se conquistou. Por outro lado, o trígono mostra a alegria de viver e o amor à vida. Os dois aspectos fazem parte da vida.
O Sextil: aspecto venusiano, portanto favorável, acontece quando os planetas estão a 60° de distância (ou 2 signos), em signos de polaridades iguais e quadruplicidades diferentes. SIgnos de fogo e ar & signos de terra e água formam sextis entre si. Existe uma compatibilidade, o sextil mostra facilidade de compreensão, e então os planetas cooperam entre si, que é a cara de Vênus. Indica oportunidade, afabilidade, atração.
Conclusão:
Uma das coisas mais importantes ao se levar em consideração na leitura de qualquer mapa astrológico é a percepção de que nada é visto isoladamente. Os planetas fazem aspectos entre si que colaboram ou dificultam sua expressão, assim como na vida. É preciso olhar o mapa como um todo, daí vê-se a importância de consultar-se com um astrólogo profissional com experiência para ler este conjunto de informações que, muitas vezes apresentam-se de forma contraditória, mas que simbolizam o todo, o ser integral, pleno em suas potencialidades. Um aspecto desafiador pode trazer rupturas, mudanças, conflitos, que muitas vezes são necessários para o autodesenvolvimento. Um aspecto fluido e harmonioso traz facilidade, alegria, satisfação, e dão graça à vida, simbolizando oportunidade e proteção. É necessário considerar qual é a característica dos astros, signos e casas astrológicas nas quais acontecem os aspectos. Se os planetas são os atores e os signos, os papeis que representam, as casas astrológicas são o cenário no qual atuam e os aspectos, como desempenham este papel. Se você deseja uma análise completa e profunda do seu mapa natal, entre em contato e agende uma sessão, conheça a riqueza de ser exatamente quem você é.